O Consórcio Nordeste apresentou, na COP30, o Plano Brasil Nordeste de Transformação Ecológica (PTE-NE), que coloca a região no centro da transição energética e da nova economia verde brasileira. O documento prevê triplicar os investimentos em energias renováveis até 2030 e transformar a Caatinga em um dos pilares da bioeconomia nacional, unindo inovação tecnológica, inclusão produtiva e conservação ambiental.
Segundo o plano, o Nordeste reúne condições únicas: alto potencial solar e eólico, conhecimento tradicional de convivência com o semiárido e a riqueza de um bioma exclusivamente brasileiro. Essa combinação, diz o texto, pode converter antigos desafios — como a seca e a pobreza rural — em oportunidades de desenvolvimento sustentável. “O mesmo sol que forjou a resiliência do nosso povo agora ilumina o caminho para o protagonismo global”, resume o documento.
O PTE-NE propõe fortalecer cadeias produtivas sustentáveis na Caatinga, com apoio à agroecologia, agricultura familiar e recuperação de áreas degradadas. O bioma, que cobre cerca de 95% do território potiguar, é apontado como essencial para a captura de carbono e para o mercado de créditos verdes.
No campo energético, o plano prevê triplicar a capacidade instalada de geração solar e eólica até 2030, gerando empregos verdes e ampliando a justiça energética — conceito que busca garantir que os benefícios da transição cheguem também às comunidades locais.
O Rio Grande do Norte, líder nacional em energia eólica e em expansão solar, aparece como ponto central dessa transformação, com potencial de integrar políticas de conservação da Caatinga e industrialização verde.
O documento foi elaborado entre março e outubro de 2025, com participação de mais de 500 representantes de governos, academia e sociedade civil. Para o presidente do Consórcio, Rafael Fonteles, a industrialização verde “precisa ocorrer com justiça social e respeito à biodiversidade”.
Com o plano, o Nordeste quer transformar resiliência em protagonismo, provando que é possível crescer preservando o que é único no semiárido brasileiro.