O deputado federal Sargento Gonçalves (PL) saiu em defesa da megaoperação policial realizada nesta terça-feira (28) no Rio de Janeiro, que resultou em dezenas de mortes. Em discurso na Câmara dos Deputados, o parlamentar comemorou as mortes, afirmando que “são menos bandidos para tirar a paz da sociedade do Rio de Janeiro”.
Segundo ele, a ação foi necessária diante do avanço do crime organizado no estado. “Tudo bandido, são menos bandidos para tirar a paz da sociedade do Rio de Janeiro. Sabemos que as ações contra o crime organizado não se resumem apenas nisso, mas havia a necessidade. E se chegou a esse ponto, não podemos esquecer”, declarou.
Gonçalves atribuiu ao Supremo Tribunal Federal (STF) parte da responsabilidade pelo agravamento da violência nas comunidades fluminenses. “Os senhores ministros do STF impedem que a polícia possa atuar de forma preventiva naquelas regiões”, afirmou, acusando a Corte de ter “tornado esses ambientes no Rio de Janeiro verdadeiros quartéis-generais do crime organizado”.
Em abril deste ano, o STF homologou parcialmente o plano de redução da letalidade policial apresentado pelo governo do Rio de Janeiro, estabelecendo parâmetros claros para a atuação das forças de segurança pública em territórios vulneráveis. Na prática, a Corte determinou a adoção de medidas complementares às operações policiais – consideradas excepcionais -, como a elaboração de planos de recuperação e reocupação territorial de áreas ocupadas por organizações criminosas.
O parlamentar potiguar ainda fez um paralelo com o cenário da segurança pública no Rio Grande do Norte. Segundo ele, facções criminosas do estado “fazem PhD no Rio de Janeiro”, levando de volta a experiência adquirida com o crime organizado carioca.
A operação desta terça-feira deixou um saldo de pelo menos 64 mortos confirmados, incluindo quatro policiais. Além disso, moradores das áreas de mata próximas teriam retirado pelo menos outros 70 corpos, sendo seis localizados no Complexo do Alemão e 64 no Complexo da Penha, totalizando mais de 130 mortes, caso não haja duplicidade nos números. Alguns dos corpos foram deixados em hospitais ou reunidos em praças antes de serem recolhidos pelo Corpo de Bombeiros.
A Defensoria Pública da União emitiu nota oficial sobre os episódios do Rio de Janeiro. “A decisão do Supremo reafirma o dever constitucional do Estado brasileiro de garantir a segurança pública em consonância com a proteção à vida, aos direitos humanos e à dignidade das pessoas, sobretudo da população negra, pobre e periférica – historicamente mais atingida por operações de alta letalidade”, destacou a DPU.