Os vereadores de Natal, na ânsia de prestar uma homenagem (mais do que justa) ao ex-deputado e ex-vereador Claudio Porpino, aprovaram um projeto de lei de autoria do vereador Aldo Clemente (PSDB), que denomina de “Avenida da Alegria Cláudio Porpino” a Rua Tenente Everaldo Borges de Moura, na Redinha, reconhecendo o local como “Polo Cultural Avenida da Alegria”. A emenda que reconhece como pólo cultural foi apresentada pelo presidente da Casa, vereador Eriko Jácome (PP), e subscrita por diversos parlamentares.
Agora vai caber ao prefeito Paulo Freire (União) descascar um abacaxi que tem em mãos. O problema é que a antiga Rua do Maruim na Redinha tem o nome do Tenente Everaldo Moura em um trecho e do empresário Hélio Rocha em outro trecho.
Essa era uma rua esquecida, sem calçamento que as pessoas praticamente só usavam na época do carnaval no desfile do bloco Os Cão. As obras do complexo da Redinha modificaram totalmente a região e a rua, antes escura e de terra , passou a ser um novo acesso ao mercado e um corredor de festas com a volta dos trios elétricos este ano às festas oficiais da cidade.
Em 2022, um projeto da vereadora Margarete Régia mudou o nome da Rua do Maruim para Rua Tenente Everaldo Borges de Moura. A lei foi sancionada pelo então prefeito Álvaro Dias no dia 15 de setembro daquele ano.
Desomenageado, o tenente Moura era militar da Marinho, era freqüentador da Redinha desde os anos 70, e foi por vários anos presidente do Conselho Comunitário do bairro, onde também fundou o União Esporte Clube. Nas festas da padroeira Nossa Senhora dos Navegantes, além de acompanhar a procissão marítima, sempre ajudava a levar o andor ao encontro da imagem da Santa que vinha por procissão terrestre. Viveu na Redinha até morrer aos 83 anos em 2015.
Mas o problema para o prefeito não é só sancionar a desomenagem ao tenente Moura.
O próprio Paulo Freire, como vereador, foi autor da Lei 7.465 de 2023, também sancionada por Álvaro Dias, e subscrita pelos vereadores na época Felipe Alves, hoje secretário de serviços Urbanos, e Julia Arruda, secretária estadual da Mulher, que altera o nome da rua Tenente Everaldo Borges de Moura, no trecho entre a antiga rua do Maruim até o entroncamento com a rua Francisco Ivo, para rua Hélio Vasconcelos da Rocha. Com essa lei, a avenida passou a ter dois nomes em trechos diferentes.
O empresário Hélio Rocha, irmão de Bira e de José Rocha, era um entusiasta do carnaval na Redinha onde tinha casa há muitos anos. Na década de 60, começou a realizar as prévias carnavalescas criando e financiando sua própria bandinha percorrendo as ruas e casas à beira mar. Foi fundador da banda do Siri, que há quase 40 anos é tradicional no carnaval da Redinha. Até morrer, em 2020, seu Hélio era uma das pessoas mais conhecidas e queridas da Redinha, onde até hoje mora a esposa Zulema.
Agora, caiu no colo do prefeito decidir se desomenageia seu Hélio e o tenente Everaldo Moura, se só desomenageia o tenente, ou se deixa a Câmara sancionar a lei e fica por isso mesmo, uma rua, três nomes.