O Blog Na Hora H começa hoje a publicar diariamente uma coluna com um panorama geral do que acontece na COP30, que oficialmente será aberta na próxima segunda-feira, mas já começa com a cúpula preparatória com líderes globais. Serão notícias relativas a iniciativas locais ou globais voltadas à sustentabilidade e à preocupação de governos, empresas e organizações sociais com o futuro do planeta. A idéia é publicar um panorama geral para que os interessados no tema possam se aprofundar nos assuntos que considerem de maior interesse.
A economia e os governos devem andar juntos na preocupação com as mudanças climáticas e o aquecimento global, com a necessidade de agir hoje para preservar o futuro amanhã.
Essa também tem sido uma pauta relevante no blog e nesses dias de COP ganha um espaço diário para a divulgação e o debate dos temas correlatos.
Boa leitura
Brasil propõe CPMF Climática Global para financiar o clima
O Brasil, à frente da COP30, apresentou o ambicioso "Roteiro de Baku a Belém", propondo novas fontes de financiamento para a ação climática. A ideia central é um tributo internacional sobre transações financeiras, já apelidado de CPMF global, para cobrir os custos trilionários da transição. A proposta visa mobilizar o mercado financeiro, buscando US$ 1,3 trilhão anualmente. O documento também sugere impostos sobre grandes fortunas (super ricos) e setores altamente poluentes.
O que isso significa?
É um rompimento com o modelo tradicional de doações. A proposta foca na escala do mercado financeiro, mostrando que uma alocação mínima (0,5% dos ativos institucionais) pode cobrir a maior parte do déficit de financiamento. Isso sinaliza a urgência de responsabilizar o capital global pelos custos da crise, buscando uma fonte de receita mais estável e previsível do que a ajuda voluntária.
A iniciativa é crucial para preencher o déficit de US$ 1,3 trilhão, necessário para limitar o aquecimento a 1.5°C. Ao vincular a tributação ao setor financeiro e à poluição, ela introduz um mecanismo de justiça que força quem mais se beneficia do sistema ou polui a arcar com os custos da transição energética e da adaptação, especialmente nos países vulneráveis.
O futuro
Se aprovada, a "CPMF global" pode se tornar a pedra angular do novo sistema financeiro climático, garantindo recursos em escala. O desafio é a aprovação política global, já que enfrenta resistência de países ricos e do setor financeiro. O sucesso transformaria o sistema, alinhando o capital internacional com a sustentabilidade planetária e garantindo fundos perenes para a resiliência climática.
União Europeia fixa metas climáticas audaciosas
A União Europeia (UE) selou um acordo crucial sobre suas metas de redução de emissões, pouco antes da COP30. O bloco comprometeu-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 90% até 2040, em comparação com 1990. Para fechar o acordo, foi feita uma concessão: países poderão usar créditos de carbono para abater até 10% dessa meta. Também foi formalizada a meta intermediária para 2035, que será apresentada nas negociações climáticas da ONU.
O que isso significa?
Este acordo mostra a seriedade e o compromisso de longo prazo da UE com o Acordo de Paris, reafirmando sua liderança climática. No entanto, a concessão do uso de créditos de carbono (até 10%) reflete a dificuldade política e econômica de conciliar ambição com a realidade dos Estados-membros mais reticentes. A negociação evidencia que a descarbonização profunda exige flexibilidade para garantir a adesão de todos os países.
Qual a importância para as mudanças climáticas?
A meta de 90% até 2040 é uma das mais ambiciosas do mundo desenvolvido, estabelecendo um padrão de referência para outros grandes emissores. A redução drástica das emissões por um bloco econômico global é fundamental para manter o objetivo de 1.5°C. A apresentação de metas intermediárias (2035) na COP30 é crucial, pois pressiona outros países a aumentarem suas ambições nos próximos NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas).
O futuro
No futuro, a implementação dessa meta impulsionará a inovação em energias verdes e tecnologias de captura, e transformará setores-chave como transporte e indústria. O desafio será gerenciar o uso dos créditos de carbono para garantir que a flexibilidade não comprometa a real e profunda redução doméstica de emissões.
Mercedes e Be8 cruzam o Brasil com biocombustível 100%
A Mercedes-Benz e a Be8 lançaram a "Rota Sustentável": dois caminhões e dois ônibus percorrem o país de Passo Fundo (RS) a Belém (PA), abastecidos 100% com biocombustível. O objetivo é medir o impacto da substituição total do diesel fóssil nas emissões. Esta iniciativa marca uma mudança de paradigma, com a indústria de veículos pesados, historicamente resistente, adotando uma postura proativa em busca de soluções de multissoluções, onde os biocombustíveis são cruciais no Brasil.
Qual a importância disso?
O transporte rodoviário é um dos maiores emissores. A substituição de 100% do diesel por biocombustível pode gerar uma redução significativa e instantânea nas emissões de frotas comerciais, contribuindo diretamente para as metas climáticas do Brasil. A demonstração de viabilidade técnica em longa distância e em veículos pesados é uma mensagem poderosa sobre a capacidade da tecnologia brasileira de mitigação de carbono no setor.
O que esperar no futuro
No futuro, o setor de transporte pesado deve evoluir para um modelo onde biocombustíveis avançados (como o diesel verde) e a eletrificação coexistirão. Iniciaitvas como essa acelerarão a adoção de misturas mais elevadas de biocombustíveis, ultrapassando os 15% obrigatórios atuais.
Cortes de energia impulsionam mercado de armazenamento
O Brasil está vivenciando um "boom" no mercado de armazenamento de energia, impulsionado por cortes recordes para evitar a sobrecarga do sistema devido ao excesso de geração renovável. A consultoria Cela projeta que o segmento movimentará R$ 2,2 bilhões até o final do ano, um aumento de 214% em relação a 2024.
Este salto nos investimentos em baterias é uma resposta direta e necessária à rápida expansão das fontes intermitentes (solar e eólica) na matriz brasileira. O armazenamento de energia é a peça que faltava para integrar plenamente essa geração, corrigindo a ineficiência causada pela intermitência e pelo excesso de oferta em certos momentos. A popularização de modelos de "aluguel" e a queda de custos tornam a tecnologia acessível a um leque maior de consumidores e empresas.
Qual a importância para as mudanças climáticas?
O armazenamento de energia é fundamental para a descarbonização global. Ele permite que o Brasil maximize o uso de sua abundante energia solar e eólica, evitando o desperdício e reduzindo a necessidade de acionar termelétricas poluentes (a gás ou óleo) para compensar a falta de vento ou sol. A estabilidade proporcionada pelas baterias acelera a transição energética, facilitando a substituição de combustíveis fósseis por fontes limpas.
O Futuro
Espera-se que a contínua queda nos preços das baterias (com projeção de mais 15% de redução em 2025) e as políticas de incentivo transformem o Brasil em um líder regional em redes inteligentes (smart grids). A tecnologia permitirá a criação de microrredes descentralizadas, otimizando o consumo e a gestão da energia limpa.
O que mais:
Parceria entre o Ministério das Cidades, Bloomberg Philanthropies, BTG Pactual Asset Management, Mitigation Action Facility e WRI Brasil lançou nesta quarta (5/10) um fundo de 80 milhões de euros para financiar a compra de ônibus elétricos e instalação de infraestrutura de recarga em todo o país.
A CEEC Brasil, empresa do grupo China Energy, firmou na terça-feira (4/11) um acordo para a aquisição das usinas fotovoltaicas Coremas I, II e III, em Coremas (PB), por R$ 520 milhões.
Frase do dia:
“A cada Conferência do Clima, ouvimos muitas promessas, mas poucos compromissos efetivos. A época das cartas de boas intenções se esgotou: é chegada a hora dos planos de ação. Por isso, começamos hoje a “COP da verdade”,
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva