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A Hora H do clima 2

Fundo Florestas Tropicais para Sempre atinge US$ 5,6 bilhões

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), principal aposta do Brasil para a COP30, garantiu US$ 5,6 bilhões em investimentos após o anúncio de aportes significativos da Noruega e da França. Este montante, embora comemorado pelo governo brasileiro, representa apenas 22% da meta inicial de US$ 25 bilhões para o fundo. A Noruega, com US$ 3 bilhões prometidos, impôs a condição de que outros doadores garantam cerca de US$ 10 bilhões até 2026. A iniciativa conta com apoio político de 53 países, incluindo China, Alemanha e a União Europeia, mas o ritmo de adesões financeiras tem sido cauteloso.

O que é o TFFF?

O TFFF é a proposta concreta mais importante do Brasil na conferência, e a adesão inicial de grandes financiadores como Noruega, França, e as contribuições de Brasil e Indonésia (US$ 1 bilhão cada) valida seu conceito. Atingir US$ 5,6 bilhões demonstra um compromisso internacional com a proteção florestal. Contudo, as condições impostas pela Noruega e a hesitação de países como o Reino Unido indicam que o fundo precisa urgentemente comprovar sua viabilidade e garantir uma governança robusta para atrair o capital necessário para a meta total.

Qual a Importância das florestas nas mudanças climáticas?

A interrupção do desmatamento em florestas tropicais é essencial para mitigar as mudanças climáticas, pois essas florestas são sumidouros de carbono vitais. Um fundo robusto como o TFFF fornece o capital de que nações florestais precisam para financiar a fiscalização, o desenvolvimento sustentável e a criação de bioeconomias locais. O sucesso dessa iniciativa pode estabelecer um modelo financeiro escalável e eficaz para a proteção da natureza e a redução de emissões globais.

O que acontece agora?

O futuro imediato do Fundo Florestas Tropicais para Sempre dependerá da capacidade do Brasil de atrair mais doadores e cumprir a meta de US$ 10 bilhões até o fim de 2026, satisfazendo a condição norueguesa. Se essa marca for alcançada, o TFFF pode se consolidar como um dos principais pilares do financiamento climático global focado na natureza. Caso o ritmo de adesões não acelere, a iniciativa pode ter sua credibilidade enfraquecida, forçando os países parceiros a reavaliar suas metas e estratégias de arrecadação.


Além do TFFF, Brasil propõe fundo para transição energética

O Ministério da Fazenda e o BNDES planejam criar um fundo de ao menos US$ 1,4 bilhão para destravar projetos de transição energética de alto risco, como hidrogênio verde e terras raras. A iniciativa visa mobilizar capital privado ao usar um aporte inicial de US$ 400 milhões do GCF (Fundo da ONU) e do BNDES como "capital catalítico". O objetivo é mitigar riscos e transformar empreendimentos listados na plataforma BIP (que somam US$ 22,6 bi em investimentos) em realidade, superando a dificuldade de financiamento.

Qual a diferença? 

O Fundo de Transição Energética utiliza o modelo de capital catalítico, usando o dinheiro do BNDES e do Fundo Verde do Clima, da ONU, para atrair capital privado e viabilizar projetos que o mercado sozinho não financia. 

Já o TFFF é um mecanismo de "pagamento por resultados" na conservação das florestas com meta total de atrair US$ 125 bilhões captados de países e investidores privados. O dinheiro é aplicado em renda fixa, e os rendimentos dessas aplicações são usados para recompensar financeiramente os países que mantêm suas florestas de pé.

Característica Fundo de Transição Energética (BNDES/Fazenda) Fundo Florestas Tropicais (TFFF)
Objetivo Principal Financiar o desenvolvimento de tecnologias e a infraestrutura da economia verde (ex: Hidrogênio Verde). Financiar a proteção e recuperação de florestas, remunerando países por resultados.
Recursos Chave GCF (ONU) e BNDES para atrair capital privado em novos empreendimentos. Capital de países ricos (doações/investimentos) e títulos no mercado privado para gerar rendimento para a conservação.

 

Qual a Importância para as mudanças climáticas?

O fundo foca em tecnologias-chave para a descarbonização global. O financiamento é vital para a produção de hidrogênio verde (necessário para a indústria pesada e transporte) e a extração de terras raras (vitais para turbinas eólicas e carros elétricos). Ao garantir esse capital, o Brasil acelera sua matriz de energia limpa e se posiciona na cadeia de suprimentos global de minerais críticos para a transição.


CEO da COP30 diz que conferência não é bala de prata

Ana Toni, CEO da COP30, desmistifica a conferência como "bala de prata" para a crise climática. Ela enfatiza que a mudança real exige decisões diárias de todos: chefes de Estado, congressistas e, crucialmente, consumidores. Ana Toni citou a tensão geopolítica como o maior entrave atual para a reunião. Ela ressaltou a necessidade de o Brasil e o mundo amadurecerem o debate sobre um mapa para a transição e afastamento dos combustíveis fósseis, seguindo o exemplo do avanço no debate sobre desmatamento.

Por que é importante?

Esta visão democratiza a responsabilidade climática, tirando-a do nicho de diplomatas e a colocando no centro das escolhas econômicas e políticas cotidianas. O foco nos consumidores e eleitores sublinha que a demanda do mercado por produtos sustentáveis é um motor de mudança tão potente quanto os acordos internacionais. O reconhecimento do desafio geopolítico mostra que a cooperação global está fragilizada e impacta diretamente o sucesso da COP.

A cobrança pelo Mapa do Caminho

Ao envolver o consumidor, a COP30 aumenta a pressão por inovação e por regulamentações que favoreçam produtos verdes. A demanda por um "mapa do caminho" para o fim dos combustíveis fósseis é crucial para a mitigação e para alinhar o Brasil com as metas do Acordo de Paris. A mobilização de US$ 1,3 trilhão, visto por ela como uma "escolha política" de mobilizar o capital existente, é vital para o financiamento necessário.

O Futuro

No futuro, o sucesso das ações climáticas será cada vez mais medido pela capacidade de traduzir grandes acordos em produtos e serviços visíveis e acessíveis ao cidadão comum (como painéis solares e carros elétricos). Espera-se que a COP30 atue como um catalisador para amadurecer o debate energético no Brasil, levando a um plano concreto de afastamento dos fósseis e a uma maior participação do cidadão nas soluções, através do consumo consciente.

Link: Ana Toni, CEO da COP30: Crise climática se resolve com decisões diárias de consumidores


RN assina adesão à Under2 Coalition

O Rio Grande do Norte (RN) formalizou sua entrada na Under2 Coalition, aliança global de governos subnacionais. A adesão, assinada na COP30, compromete o estado a reduzir emissões e alcançar a neutralidade de carbono até 2050, alinhado ao Acordo de Paris para limitar o aquecimento a 1,5°C. O RN integra um grupo de mais de 200 governos, e o Idema será o ponto focal para coordenar o plano de descarbonização do estado.

A adesão eleva o perfil do RN para uma plataforma global de líderes climáticos. Isso orientará investimentos e decisões por metas ambientais rigorosas e transparentes. O estado ganha acesso facilitado a financiamento verde, tecnologias limpas e intercâmbio de melhores práticas, integrando a agenda climática ao desenvolvimento.

Qual o importância disso para o RN?

O RN, sendo um polo de energia renovável, reforça a descarbonização da matriz energética brasileira. O compromisso impulsiona o combate ao desmatamento, transporte limpo e indústria de baixo carbono, essenciais para o esforço coletivo de redução de emissões.

O que mais

👍A japonesa Toyoda Gosei, que faz parte do grupo Toyota, apresenta uma proposta limpa para o futuro dos carros de passeio. O conceito Flesby-Hi é alimentado por hidrogênio e tem carroceria feita de plástico reciclado.

👍A Nissan resolveu mostrar na prática o que aconteceria se os carros trouxessem uma placa solar para aumentar a autonomia e instalou um painel fotovoltaico em um compacto. O modelo escolhido foi o Sakura.

👍Mesmo com o presidente Donald Trump cancelando muitos programas do governo americano dedicados a impulsionar energia eólica, solar e veículos elétricos, as ações verdes se tornaram uma das apostas mais lucrativas deste ano. Essas ações superaram a maioria dos outros índices de ações. O principal indicador de energia limpa da S&P subiu cerca de 50% este ano; o Índice MSCI World ganhou menos de 20% no mesmo período.

Frase do dia

"Cuidar da criação, portanto, torna-se uma expressão de humanidade e solidariedade",

Papa Leão XIV 


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Heverton de Freitas