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A Hora H do clima 4

Pix do Clima, Mercado de Carbono e Fundo Bilionário: As propostas na COP 30

A COP 30, que começa oficialmente hoje, busca reverter o aumento da temperatura global para baixo de 1,5ºC. O Brasil, anfitrião, propõe o "Pix do Clima", um sistema automatizado para países ricos enviarem recursos a populações vulneráveis a perdas climáticas. Outra proposta é a criação de um mercado de carbono global integrado, com regras comuns. Por fim, o país lançou o fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), visando arrecadar US$ 125 bilhões (público e privado) para remunerar a conservação de biomas.

Financiamento  climático → O Financiamento Climático é essencial para a ação global. O "Pix do Clima" e o fundo TFFF atacam diretamente a necessidade de recursos para mitigação e adaptação, especialmente na conservação de florestas. O mercado de carbono são certificados que representam a redução ou remoção de uma tonelada de CO2 da atmosfera usados para compensar emissões. Embora controverso entre alguns ativistas, tem o potencial de precificar as emissões. Eles são gerados por projetos (ex: reflorestamento, energia limpa) e devem ser certificados por entidades independentes para garantir que são reais e adicionais. No Brasil, o mercado regulado ainda está em discussão no Congresso.

Longe da meta →A COP 30 começa sob um clima de incerteza devido ao atraso na entrega das novas metas climáticas nacionais (NDCs). Dos 195 signatários do Acordo de Paris, apenas 79 cumpriram o prazo, deixando de fora grandes emissores como a Índia.O atraso na entrega das NDCs impede que a comunidade meça a lacuna entre o prometido e o que é necessário para limitar o aquecimento a 1,5°C. As promessas atuais (incluindo as não oficializadas) apontam para uma redução de apenas 10% nas emissões globais até 2035, quando o necessário seria um corte de 60%.

O sucesso da COP 30, que se estenderá por duas semanas, dependerá de sua capacidade de impulsionar a ambição e a prestação de contas das nações. A pressão deve aumentar para que os grandes poluidores, como a Índia e outros atrasados, apresentem NDCs robustas.  

 

 Nova regra de energia no Nordeste ameaça competitividade do hidrogênio verde

Governadores e parlamentares do Nordeste, a principal fronteira brasileira para o Hidrogênio Verde (H2V), estão apoiando a MP 1304/2025. Esta medida reintroduz o critério de adicionalidade no regime de autoprodução de energia, exigindo que empresas contratem energia apenas de novos parques geradores. A regra proíbe o uso de usinas já em operação, o que pode encarecer drasticamente projetos como os de H2V, pondo em risco investimentos de mais de R$ 110 bilhões previstos para a região.

Energia em excesso →A reintrodução da adicionalidade, um critério já debatido e excluído da legislação de baixo carbono, cria uma reserva de mercado para novas usinas. No Brasil, com uma matriz já 90% renovável e um cenário de excesso de oferta de energia (curtailment), esta regra é vista como um entrave desnecessário. A medida gera insegurança jurídica e impede o aproveitamento de energia limpa e barata já disponível, minando a vantagem competitiva do país.

Qual a Importância para as Mudanças Climáticas?

O Hidrogênio Verde é fundamental para a descarbonização global, substituindo combustíveis fósseis em indústrias pesadas e transportes. Se a produção de H2V no Brasil, que já tem energia renovável abundante e competitiva, for encarecida pela adicionalidade, o país perde capacidade de liderança na transição energética.

Investimento menor →Caso a MP 1304 não seja alterada ou vetada, a projeção é de desaceleração nos investimentos de H2V no Nordeste, com capital internacional sendo desviado para mercados com menor risco regulatório. O Brasil corre o risco de transformar sua principal vantagem (energia limpa e barata) em um obstáculo, comprometendo a meta de se tornar um exportador global de combustíveis de baixo carbono e de desenvolver uma nova  indústria. 

Brasil pode alcançar neutralidade climática 

Pesquisadores brasileiros lançaram um estudo na COP 30 que mostra a viabilidade técnica de o Brasil zerar suas emissões líquidas de gases-estufa até 2040, dez anos antes do compromisso atual de 2050. O documento, idealizado pelo Instituto Amazonia 4.0, propõe dois caminhos principais: um focado em agricultura e florestas e outro mais radical e tecnológico, centrado na descarbonização energética. Para ambos, é crucial zerar o desmatamento de áreas nativas até 2030.

Este estudo é uma ferramenta que apoia a proposta do presidente Lula para que países desenvolvidos do G20 também antecipem suas metas para 2040. Ele reforça a necessidade de combater o desmatamento (responsável pela maior parte das emissões brasileiras) e restaurar áreas naturais. O cenário focado em florestas é considerado  mais realista, pois permite a manutenção da produção e exportação de petróleo.

Modelo internacional →Alcançar a neutralidade de emissões até 2040 faria do Brasil um líder na ação climática, um papel de destaque inédito para um país em desenvolvimento. A antecipação do net zero é vital para limitar o aquecimento global a 1,5°C. O caminho mais sustentável passa por zerar o desmatamento até 2030, uma medida que tem impacto imediato na redução das emissões.

De onde vem o dinheiro? →Se o governo brasileiro adotar as conclusões do estudo, que será entregue em breve, o país terá que priorizar investimentos inéditos e a criação de empregos verdes. A decisão crucial será o balanço entre o cenário que mantém a exploração de petróleo (focado em agro e florestas) e o cenário que exige a descarbonização total do setor energético.

 

O que mais

👍A Petrobras fechou um Termo de Cooperação com a Universidade Federal da Bahia para medição, monitoramento e verificação do projeto piloto de captura e estocagem de CO2 em ambiente marinho raso. O valor do repasse será de R$ 113,2 milhões dividido em duas parcelas. O prazo da parceria será de três anos, podendo ser prorrogado, informou a empresa à Comissão de Valores Mobiliários.

👍O grupo Energisa anunciou a compra de 52% da Lurean, empresa de tratamento de resíduos e comercialização do adubo orgânico localizada em Carambeí, no Paraná. Com isso, a companhia construirá sua segunda usina de produção de biometano. O investimento para implantação é de R$100 milhões e a previsão de entrada em operação em 2028. Segundo a Energisa, a transação auxilia na estratégia de diversificação de portfólio, além do reconhecimento como empresa de soluções completas em energia voltadas para demandas dos clientes por combustíveis de baixa carbono e o impulsionamento da economia circular sustentável nas cadeias produtivas agroindustriais.

👍O músico Paul McCartney, 83, criticou a COP30), em Belém, no Pará, por não ser totalmente vegano. Conhecido defensor dos direitos dos animais, ele enviou uma carta aberta ao presidente da conferência, André Corrêa do Lago, assinada em parceria com a ONG Peta. “Peço que o senhor alinhe o cardápio da COP30 com sua missão, tornando-o totalmente vegetariano. Isso reduziria significativamente sua pegada de carbono e o impacto ambiental geral, servindo de exemplo positivo para o mundo”, acrescentou.

 

Frase do Dia

“O presidente colocou duas questões altamente relevantes: fazer o mapa do caminho que o mundo precisa fazer para o fim do combustível fóssil e do desmatamento e que, para viabilizar isso, é preciso recursos“,

Marina Silva, Ministra do meio ambiente



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