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A Hora H do clima 10

O Veredito da "COP da Verdade"

O documento final da COP 30 estabelece o "Mutirão Global", reafirmando o compromisso com a limitação do aquecimento a 1,5°C e exigindo cortes de emissões de 43% até 2030 e 60% até 2035. O documento final celebra novos planos climáticos (NDCs) de 122 países, mas foca em destravar financiamento, estabelecendo a meta de mobilizar USD 1,3 trilhão anuais até 2035, com USD 300 bilhões vindos de liderança pública. Além disso, lança o "Acelerador Global de Implementação" para garantir que as promessas saiam do papel3.

O que isso significa

Isso significa que a diplomacia climática entrou oficialmente na "fase de implementação", deixando para trás a era de apenas negociar regras. Ao sediar o evento na Amazônia, o texto ancora a proteção da natureza e o fim do desmatamento até 2030 como condições não negociáveis para o sucesso do Acordo de Paris. A criação de um fluxo financeiro específico ("Baku to Belem Roadmap") sinaliza ao mercado que o dinheiro público servirá de alavanca para destravar o capital privado massivo necessário para a transição.

Qual a importância para as mudanças climáticas

Este acordo é crucial, pois conecta, pela primeira vez de forma tão explícita, a ambição de redução de emissões com a "economia real" e o comércio. Ao reconhecer que o orçamento de carbono está quase esgotado, o documento força os países a alinharem suas economias para atingir o "net zero" em 2050. A ênfase em duplicar o financiamento para adaptação e triplicar os fluxos para fundos climáticos até 2030 oferece uma linha de vida para os países mais vulneráveis que já sofrem os impactos hoje.

O Futuro

A projeção é de intensa pressão sobre as relações comerciais globais. O documento estabelece diálogos para 2027 e 2028 sobre comércio e clima, sugerindo que barreiras comerciais baseadas em pegada de carbono se tornarão norma. O sucesso dependerá do novo "Acelerador Global", que será testado nos próximos dois anos sob a supervisão das presidências da COP, determinando se o mundo conseguirá, de fato, dobrar a curva de emissões antes que seja tarde demais.

Acordo adia fim dos combustíveis fósseis

A COP30 em Belém encerrou-se garantindo a sobrevida do Acordo de Paris mesmo sem a presença dos EUA, triplicando verbas para adaptação até 2035 e reconhecendo o papel dos afrodescendentes. Contudo, o texto final "Mutirão Global" frustrou cientistas ao excluir, por pressão de produtores de petróleo, os "mapas do caminho" propostos pelo Brasil para eliminar combustíveis fósseis e desmatamento.

O que isso significa

O evento provou a resiliência da cooperação multilateral em um cenário geopolítico adverso, evitando a implosão das negociações climáticas. Politicamente, expõe o abismo entre a urgência da ciência e os interesses econômicos: embora o Brasil tenha mostrado liderança, a vitória diplomática foi "não retroceder", em vez de avançar na velocidade necessária contra a crise.

Qual a Importância para as mudanças climáticas

A aprovação de US$ 120 bilhões para adaptação e a criação de 59 indicadores de progresso são vitais para que países vulneráveis sobrevivam aos eventos extremos já inevitáveis. Porém, sem um cronograma oficial para eliminar a queima de fósseis (causa de 80% das emissões), a capacidade global de limitar o aquecimento a 1,5ºC permanece tecnicamente ameaçada.

O Futuro

A presidência brasileira da COP assumiu o compromisso unilateral de desenvolver os roteiros de transição energética e desmatamento para apresentá-los na COP31 (Turquia/Austrália). A tendência é que o debate sobre o fim do petróleo se intensifique nos bastidores até 2026, enquanto o mundo foca cada vez mais em gerenciar danos através de métricas de adaptação e justiça climática.

FRASE

“Não traz nem mapa e nem caminho para a transição para longe dos combustíveis fósseis e para o fim do desmatamento até 2030, e não garante que os recursos necessários para adaptação, absolutamente essenciais para os países em desenvolvimento, sejam de fato mobilizados pelos países desenvolvidos”,

Carolina Pasquali, diretora executiva do Greenpeace Brasil, sobre o texto final da COP30


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